África inspira a comida picante por isso aqui fica um creme de abóbora e malagueta para os mais aventureiros. E para acompanhar um pouco das aventuras do meu safari pela Namíbia.
Contei-vos no num post anterior um pouco sobre as minhas aventuras pela África do Sul, mas antes de partilhar a receita deste creme de abóbora e malagueta, quero contar-vos tudo sobre a Namíbia.
A Namíbia é um país discreto, ao ponto de eu nunca o ter equacionado como destino até vir viver para Luanda. Mas por aqui não há quem não o conheça, não só pela proximidade (já que é país vizinho), como também pelas reservas naturais e safaris que este proporciona. Mas em 2 anos de Angola ainda não tinha tido oportunidade de me aventurar.
Há dois locais turísticos por excelência para quem visita a Namíbia:
- o parque Etosha, reserva natural que se situa no centro-norte do país,
- e o deserto do Namíbe, que começa a sul de Angola (na província com o mesmo nome) e abafa toda a faixa costeira até ao sul deste país.
Desta vez visitei apenas o parque Etosha que fica a cerca de 500km da capital Windhoek. Esta distância faz-se de carro, mas é um caminho penoso, especialmente depois de uma viagem de avião.
Porém a expectativa do meu primeiro safari manteve-me de bom humor e a estrada está em boas condições.
Ficámos num lodge mesmo nas imediações do parque, o Mokuti Lodge. Os quartos são bons e as visitas de antílopes, gamos, pequenos javalis e um número infindável de esquilos e pássaros são frequentes.
Nos dias que se seguiram fizemos 2 safaris. No primeiro vimos girafas, manadas de zebras, antílopes, gazelas, gnus e algumas avestruzes ao longe.
Porém os”big 5″ (leões, elefantes, búfalo, leopardos e rinoceronte) nem vê-los. No dia seguinte lá decidimos fazer um safari privado, para aumentar as hipóteses de avistar essas criaturas.
Assim que entrámos no parque começou a jorrar água do céu (literalmente). Como o jeep era aberto, o guia que nos conduzia (Filemon) deixou-se ficar perante a cancela do parque e distribui-nos umas capas verdes compridas, com malha polar por dentro e impermeáveis por fora.
Chegavam até ao chão e tinham um capuz. Olhámos uns para os outros deu-nos um ataque de riso porque parecíamos réplicas do Harry Potter. A chuva não parava e era tanta que uma família de mangustos veio abrigar-se perto do jeep.
Depois de meia hora decidimos desistir, mas nesse preciso momento a chuva parou, como se a Natureza nos desse uma lição instantânea de resiliência. Aproveitando as tréguas lá nos pusemos a caminho dentro do Etosha.
Gazelas, girafas, antílopes, gnus, zebras, mais girafas, mais antílopes, mais gazelas. “Vamos agora por esta estrada porque disseram-me que os leões mataram de manhã uma girafa nesta zona”- disse Filemon. Estávamos em êxtase, íamos mesmo ver leões ao vivo!
Cinco minutos depois a minha irmã grita “Stop, stop, elephant, elephant!” Filemon faz marcha atrás e deparamo-nos com o ser mais imponente que vi até hoje. Telemóveis, câmaras, máquinas fotográficas, tudo a sair das nossas malas e a disparar. Ele sente-se observado e tenta esconder-se no meio da erva alta e dos arbustos, mas é enorme. Agora fita-nos de frente e começa a caminhar na nossa direção. Está a 50m, está a 20m, está a 10m e Filemon apressa-se a fazer marcha-atrás. É um misto de adrenalina e medo ao mesmo tempo. Está a 5m e finalmente pára. Olha para nós imóvel com um misto de curiosidade e desafio.
Percebe que não somos uma ameaça e segue caminho atravessando a estrada para o outro lado. Foi mágico e aterrador ao mesmo tempo, tal como a natureza é.
Conto-vos mais sobre esta aventura ao longo dos próximos posts. Tentei transformar em sabor este episódio e saiu este creme de abóbora é doce e picante ao mesmo tempo. Espero que gostem deste creme de abóbora bem especial e inspirador.
Creme de abóbora e malagueta
- Quantidade4 pessoas
- Categoria
- Adequado para dieta
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Ingredientes
- 500g de abóbora hokaido (em fatias, sem sementes mas com casca)
- 3 colheres de sopa de cebola picada
- 1 a 2 chávenas de chá de água quente (dependendo da consistência que pretendem*)
- 4 colheres de sopa de alecrim
- 2 colheres de sopa de malagueta vermelha picada (sem sementes) + para decorar
- 1 colher de café de gengibre fresco picado
- azeite virgem extra q.b
- sal dos Himalaias e pimenta preta fem moinho (a gosto)
- sementes de papoilas e ervas frescas (para decorar)
Preparação
Coloque a abóbora em fatias, limpa de sementes e raíz, num tabuleiro de forno. Regue com azeite e adicione o alecrim e uma pitada de sal e pimenta preta a gosto. Leve ao forno por 30-40min ou até a abóbora estar macia (vá espetando um garfo para confirmar).
Retire do forno e passe a abóbora para um robot de cozinha ou liquidificador potente. Adicione a cebola, gengibre e malagueta e triture tudo até ter um puré cremoso e todos os ingredientes estarem desfeitos. Prove, ajuste o sal e pimenta e adicione a água quente, a pouco e pouco. Vá triturando até conseguir a consistência que pretende.
Transfira para tigelas ou pratos de sopa, enfeite com um pouco mais de malagueta, azeite, ervas frescas e sementes (opcional) e sirva. Guarde num recipiente hermético e coloque no frigorífico, consuma dentro de uma semana.
Nota: utilize de preferência ingredientes biológicos.
*Quanto menos água utilizar mais grossa ficará a sopa, tipo creme.